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Pecuarista vs. frigorífico: como transformar o embate em bons negócios


Segunda-feira, 4 de abril de 2016 - 05h35


Transparência e diálogo estão modernizando a relação entre quem vende e quem compra a boiada, com resultados promissores aos dois lados.


O relacionamento entre frigoríficos e pecuaristas tem sido marcado por disputas ao longo da história da pecuária. Em tempos de crise, os confrontos em torno do preço pago pela arroba do boi gordo se tornam ainda mais acirrados. Mas, com transparência e diálogo, o jogo entre quem tem o boi terminado e quem abate o animal está se modernizando.


O pecuarista Acrizio Diniz Junqueira Filho afirma que, no passado, o embate entre as duas partes era grande, mas ambas estariam mais maleáveis atualmente. “Estão mais amigos e (a relação) deu uma melhoradinha, mas existe nesses embates, a desconfiança de quem está no campo custeando a engorda do boi, com relação ao peso da carcaça.” Um cisma antiga, que fez surgir, em 2003, o Programa Pese Bem, da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás. A carcaça passa na linha de abate e duas balanças geram relatórios comparativos.


O programa já certificou a pesagem de 400 mil animais, de um total de 1,3 milhão que passaram por unidades com balanças instaladas, afirma a médica veterinária responsável técnica do programa, Samara Costa Soares. “Antigamente, os pecuaristas tinham dúvida, mas agora eles têm essa garantia. O Pese Bem é a balança do produtor”, resume. Em 11 anos, o programa já abateu 7,5 milhões cabeças de gado, cerca de 46,0% dos abates nos frigoríficos parceiros.


O pecuarista Leonardo Carvalho dos Santos confessa que o processo o deixa seguro de que não está sendo passado para trás. “Será que o frigorifico vai me roubar? Será que não vai roubar? O pecuarista às vezes pensa isso, mas o Pese Bem está lá para servir de alívio”.


O relacionamento nem sempre amistoso veio com a pressão do mercado. E, quando a crise apertou, o prejuízo foi dividido entre todos os elos do setor. Entre 2005 e 2008, o fechamento de unidades de frigoríficos em Goiás prejudicou o relacionamento comercial.


Muitos pecuaristas ainda não receberam por bois entregues na época. O processo deixou


uma certa desconfiança dos goianos. A indústria, por sua vez, passou a investir mais em


confinamentos para garantir escala de boi gordo.


O produtor que tem boi não quer mais fazer a engorda e levar para o frigorífico, opina o


pecuarista Welber Macedo. O objetivo agora, segundo ele, é vender o boi magro para as


indústrias que tenham confinamento ou para grandes confinadores. Os pequenos produtores, entretanto, ficariam “encaixados” dentro dessas grandes escalas, sendo espoliado e recebendo um preço abaixo do mercado.


Macedo acredita que o papel do produtor é “conversar com o leão”, o frigorífico, ou seja, buscar uma aproximação cautelosa. “Vamos aprender a conviver com esse leão. Quem sabe ele venha a ser um parceiro e tenhamos bons frutos”, diz ele.


O diretor de relações com os pecuaristas do frigorífico JBS, Fábio Dias, vê avanços nesse cenário. E acredita que, com transparência, todos saem ganhando. Dias entende que a indústria pode participar um pouco mais da cadeia, não se limitando a comprar o boi.


“(Podemos) trazer os pecuaristas mais perto para que eles possam entender como que a gente faz a nossa receita, como pode ganhar um pouco mais dinheiro, como podemos melhorar a remuneração da cadeia como um todo. Um alinhamento maior de interesses, com muita transparência”, explica o diretor.


Fonte: Globo Rural. Marcelo Lara, 31 de março de 2016.



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